Que critérios devo usar para fazer minha escolha profissional?
Em todos estes anos como Orientador Profissional, uma das dúvidas mais recorrentes nas pessoas que me procuram é a respeito dos critérios que devem ser usados para fazer a escolha profissional.
O pior é que em muitos casos esta questão nem se apresenta como dúvida, mas como uma certeza que poderá atrapalhar a escolha profissional da pessoa, por exemplo: Aqui em Campinas temos a Unicamp que é reconhecida pelo nível de excelência de quase todos os cursos que oferece. Então, é muito comum que apareçam pessoas que me procurem já com a seguinte afirmação: “independente do curso que eu escolher, tenho que estudar na Unicamp”. Mas e se o curso que a pessoa se identificar mais não fizer parte do catálogo de cursos da Unicamp? Só aí, esta pessoa já terá um grande problema.
Outro exemplo: A pessoa me procura dizendo que independente do curso que escolher, ela terá que ser uma profissão que a faça ganhar muito dinheiro. Ok, é muito justo que a pessoa queira ficar rica com sua profissão, mas o problema é que com o cenário do mercado de trabalho atual, qualquer profissionais de qualquer área podem ficar ricos e, ao mesmo tempo, curso nenhum curso superior é garantia de bons salários.
Como qualquer escolha, ao fazer a escolha profissional, é importante usar alguns critérios para tentar garantir que esta seja uma escolha acertada. Então, você já deve estar se perguntando: Que raios de critérios são esses que devo usar para escolher minha profissão?
Já ao final de sua vida, Steve Jobs, fundador da Apple, fez um discurso para os formandos da Universidade de Stanford. Dentre outras questões, Jobs destacou a importância de se manter motivado pelo aprendizado e pela descoberta, algo que apenas conseguimos quando trabalhamos com aquilo que amamos. Neste discurso, ele chegou a afirmar que todos os dias, ao acordar para trabalhar, perguntava-se: “se hoje fosse o ultimo dia da minha vida, o que eu gostaria de fazer?”
Sempre que faço esta afirmação, sou confrontado por respostas céticas como: Amor não paga as contas! Serei feliz se eu ganhar muito dinheiro! Trabalho é obrigação, lazer é diversão!
Por muito tempo, estas eram posturas comuns referentes ao trabalho, mas hoje sabemos que: Pessoas que trabalham com o que gostam tornam-se mais criativas e mais produtivas em seus trabalhos; Já pessoas que não gostam do que fazem, apresentam dificuldades de lidar com situações corriqueiras do trabalho, tornam-se mais ansiosas, podendo até chegar a deprimir.
Descobrir uma paixão e dedicar-se a ela é uma daquelas tarefas que, a primeira vista parecem fáceis, mas quando tentamos realizá-la, descobrimos a dificuldade que ela representa. Isso acontece, pois para descobrirmos o que gostamos é necessário uma certa dose de autoconhecimento. E o fato é que, muitas vezes, não nos conhecemos o suficiente para fazer este tipo de escolha.
Pode parecer estranho que a pessoa não se conheça o suficiente, mas isso é muito comum, pois passamos a maior parte do tempo com pessoas nos dizendo o que fazer. Por exemplo, que temos que aprender idiomas, praticar um esporte, nos comportarmos de uma maneira ou de outra e enquanto tentamos atender a estas expectativas, não costumamos parar para refletir sobre o que realmente consideramos importante.
Mas não se preocupe, com um pouco de reflexão a respeito de seus desejos e características, é possível se conhecer o suficiente para fazer uma boa escolha. Caso você sinta que não está conseguindo sozinho, a orientação profissional também tem este objetivo.
Entendo que parte das preocupações dos meus orientandos e de seus pais se refere a se eles conseguirão ganhar o suficiente para manter ou melhorar o padrão de vida que suas famílias possuem. Claro que esta é uma preocupação pertinente e que deve ser considerada no processo de escolha. Mas acredito que este não deve ser o principal critério para a escolha profissional, pois:
- Hoje á uma flexibilidade muito grande no mercado de trabalho;
- O padrão de renda não pode mais ser definido a partir da profissão de uma pessoa;
- Hoje é perfeitamente possível encontrar pessoas sem formação superior que ganham mais que advogados, engenheiros e médicos;
- O resultado disso é que qualquer profissional pode ter altos rendimentos, pois isso não dependerá apenas da profissão da pessoa, mas de seu empenho, criatividade, além de fatores sociais e econômicos
Além do autoconhecimento, uma das barreiras encontradas pelas pessoas para escolher suas profissões está na falta de conhecimento a respeito das profissões. Muitas vezes, acreditamos saber a respeito das profissões, mas quando nos dedicamos a pesquisar a respeito, descobrimos que não sabemos tanto assim. Isso acontece, pois existe uma grande diferença entre a forma como as pessoas enxergam um determinado profissional e o que este profissional de fato faz.
Por exemplo: Já tive pacientes que diziam querer fazer o curso de Direito, pois adoravam assistir Law and Order e se viam no lugar dos advogados que aparecem na série atuando em tribunais. O problema é que, embora advogados atuem em tribunais, está é apenas uma pequena parte de sua atuação. A maior parte do tempo é gasta com o estudo de precedentes jurídicos que sustentem as causas que eles defendem, com a redação de petições e outros documentos que serão avaliados pelos juízes, com a negociação visando a tentativa de conciliação entre as partes, além de muitas outras atividades que antecedem a ida a um tribunal. Mesmo no tribunal, não é sempre que a audiência tem o formato que é mostrado na série.
Como você pode fazer para conhecer as profissões? Pretendo voltar a este assunto em um vídeo dedicado a este tema. Mas para não te deixar sem resposta, aí vão duas dicas:
- Procure informações na internet. Você pode fazer isso em sites dedicados a vestibular, ou, como prefiro orientar, nos próprios sites das universidades;
- Converse com profissionais formados no curso que você pretende fazer. Saiba que eles sempre vão falar a partir da própria vivência deles, mas está é uma forma de conhecer mais sobre o dia a dia da atuação nesta profissão.
Para que você possa sentir-se realizado no futuro, é muito importante que a escolha de uma profissão não seja vista como uma escolha isolada em sua vida. Escolhas feitas desta forma correm mais risco de perderem o sentido no futuro. Nossas escolhas costumam fazer mais sentido quando fazem parte de um projeto de vida (Também pretendo voltar a isso no futuro), neste caso, a escolha profissional passa a integrar um projeto maior de realização.
Para uma boa escolha profissional você deve levar em consideração:
- O quanto você gosta do que aquele profissional faz.
- Características da profissão.
- Possibilidades de renda.
Um grande abraço
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